Teste de ADN a cuecas de Baghdadi abriu caminho a operação de eliminação de líder do EI

As Forças Democráticas Sírias vieram reclamar um papel determinante na operação militar que levou à eliminação do líder do Estado Islâmico Abu Bakr al-Baghdadi. As forças curdas garantem que um espião infiltrado conseguiu obter cuecas usadas de al-Baghdadi que permitiram a sua identificação através de testes de ADN e forneceu dados essenciais sobre a sua localização.

“Toda a informação e acesso a al-Baghdadi, assim como a identificação do local onde estava são fruto do nosso trabalho. O nosso espião enviou coordenadas, dirigiu o ataque aéreo, participou na operação para que fosse um sucesso até ao último minuto”, garantiu um responsável das Forças Democráticas Sírias, Polat Can, numa publicação no Twitter.

“A nossa fonte, que conseguiu localizar al-Baghdadi, trouxe as roupas íntimas de al-Baghdadi para realizar um teste de ADN e ter a certeza (100%) que a pessoa em questão era mesmo al-Baghdadi”, revela Can. Uma confirmação que terá sido essencial para fazer avançar a operação.

Quando anunciou a morte do líder do Estado Islâmico, no domingo, Donald Trump afirmou que os curdos tinham conseguido alguma informação “útil” para a operação, mas não detalhou qual o papel efetivo.

Can revelou agora que as Forças Democráticas Sírias trabalharam com a CIA desde 15 de maio, para localizar al-Baghdadi. Can revela que foi o seu espião que conseguiu localizá-lo. “Al-Baghdadi mudava frequentemente de lugar. Estava prestes a mudar-se para um novo esconderijo”, adianta.

Trump reclamou ter sido o “cérebro” da operação que permitiu a morte do responsável do Estado Islâmico. A versão das Forças Democráticas Sírias contraria esta ideia.

“Há mais de um mês, foi tomada a decisão de eliminar al-Baghdadi. No entanto, a retirada [das tropas] dos Estados Unidos e a invasão turca obrigaram-nos a interromper as nossas operações especiais, incluindo a perseguição a al-Baghdadi. A invasão turca veio atrasar a operação”, argumenta Polat Can.

Can revela ainda que havia um “Plano B”, caso Baghdadi chegasse a mudar para uma nova localização, em Jerablus, perto da fronteira com a Turquia.

O comandante das Forças Democráticas Sírias já tinha revelado na segunda-feira, em entrevistas conduzidas pelo media norte-americanos, que havia um espião na casa onde estava al-Baghdadi, no momento do assalto, e que essa fonte tinha providenciado informação pormenorizada sobre a planta do local, túneis e número de guardas no local.

Abu Bakr al-Baghdadi fez-se explodir num túnel depois de ter sido encurralado pelas Forças Especiais dos Estados Unidos que conduziram a operação em Idlib, Síria, no sábado à noite.

Texto e Foto: RTP, Portugal.