Amber Rudd acusou o primeiro-ministro de usar linguagem agressiva e que “incita a violência”. A antiga ministra do Governo de Boris Johnson ficou “dececionada e chocada” com os comentários sobre Jo Cox, a deputada trabalhista assassinada em 2016.
A antiga ministra do Trabalho e da Segurança Social disse, numa entrevista ao Evening Standard, que algumas das estratégias do governo nos debates sobre o Brexit são “imorais”. Amber Rudd, que se demitiu no início deste mês de setembro, juntou-se à onda de críticas e censurou a “abordagem casual sobre a segurança dos parlamentares”.
Embora Boris Johnson tenha referido o debate sobre o Brexit e as ameaças à segurança dos deputados como “tretas”, Rudd considera que o tipo de linguagem que receia ver “cada vez mais a sair do Número 10 incita à violência”.
“É o tipo de linguagem que as pessoas pensam que incita a uma abordagem mais agressiva e às vezes à violência”, sublinha a antiga ministra.
Sobre os ataques de Boris Johnson aos parlamentares relativamente ao Brexit, acusando-os de “rendição” e “traição”, e a sua recusa em pedir desculpa pelos comentários sobre a deputada Jo Fox, a antiga ministra conservadora diz que ficou “dececionada e chocada”.
Amber Rudd acusa o primeiro-ministro britânico de descartar e minimizar o risco de os ataques aos deputados se repetirem, como aconteceu com Jo Fox em 2016, acrescentando que é “imoral” a abordagem casual e a despreocupação de Boris Johnson perante o “medo genuíno que muitas mulheres” do parlamento têm depois do assassinato da deputada trabalhista.
Rudd refere ainda que este tipo de retórica de Boris Johnson se assemelha e faz lembrar a abordagem de Donald Trump sobre Hillary Clinton durante as campanhas presidenciais de 2016.
No início de setembro, Amber Rudd apresentou a sua demissão alegando que não podia ficar quieta a ver os conservadores leais e moderados a serem expulsos do partido e considerando a saída dos colegas como um assalto à “decência e à democracia”.
Texto: RTP, Portugal. Foto: Henry Nicholls/Reuters.